sábado, 30 de abril de 2011

Serpa160, eu também fui!

Esta é a minha primeira crónica aqui no recém-criado blog, digamos mesmo, que a ideia de criar um blog parte da minha participação no Serpa160 2011.

Irei tentar retratar aquilo que foi a minha participação neste grandioso evento, bem como a aventura passada nesse fim-de-semana por terras alentejanas.

Serpa160 é uma prova impar no país, dado às suas características onde os atletas têm de percorrer os 160 kms de bicicleta de BTT por caminhos e trilhos rurais por vales e montes, passando por herdades privadas onde só vemos gado há nossa volta dentro de um tempo limite de 12 horas. È uma prova física e psicologicamente muito desgastante, onde nem todos conseguem chegar a bom porto, e que requer umas horitas de treino para não se fazer parte do grupo dos 20% que não conseguem terminar a prova, as horas acumuladas em cima da bicicleta e o pedalar largos kms sem companhia são respeitosos adversários, que só são compensados com a chegada há meta dentro do tempo limite independentemente da nossa classificação.
Esta era a 4ª edição da ultra-maratona de Serpa160, que por acaso, até foi alterada para 165 Kms onde participaram 520 atletas distribuídos 80% para a ultra-maratona (165 kms) e 20% para a maratona (80 Kms), logo por estes números concluímos que a motivação para ir até Serpa é cada vez mais em participar na ultra-maratona que este ano duplicou a participação em relação a edições anteriores.
A minha aventura começou na sexta-feira dia 8 com a partida logo pela manhã mais a minha família em direcção a Moura para um almoço caracteristicamente Alentejano, umas costeletas de borrego grelhadas e uns rojões à alentejana acompanhados das belas migas e claro da garrafita de vinho da zona. Da parte da tarde aproveitamos a proximidade da barragem do Alqueva para fazermos uma visita completa às suas magníficas margens, passando pela Aldeia da Luz e visitando o museu da luz que retrata todo o processo de transladação da velha para a nova aldeia, bem como os hábitos e costumes das suas gentes (aconselho vivamente a visitarem) depois seguimos para a aldeia da Estrela onde pudemos deslumbrar os encantos da  Barragem do Alqueva que é a maior barragem Portuguesa e da Europa Ocidental, situada no rio Guadiana, no Alentejo interior, perto da aldeia de Alqueva. A construção desta barragem permitiu a criação do maior reservatório artificial de água da Europa. Já perto do final do dia rumamos até Serpa onde iríamos  ficar alojados.

Chegado a Serpa foi instalarmo-nos, ir levantar o dorsal, procurar um restaurante perto da residencial para jantar e aprontar todo o material para a prova. No dia 9 Sábado o dia começou cedo para mim, às  6:30 estava a tomar o pequeno-almoço, umas belas torradas de pão alentejano com geleia e dois copos de leite (qual alimentação desportiva qual quê). A minha cara-metade mais o meu filhote puderam usufruir de uma manhã na cama uma vez que só iria estar com eles da parte da tarde. A residencial estava extremamente bem localizada em relação ao local de partida a cerca de 1 kms o que me permitiu pedalar até lá.

Em relação à minha prestação foi muito positiva e excedeu as minhas melhores perspectivas, apontava para as 8 horas de prova, sendo esta a minha primeira participação num evento de longa duração e a preparação basear-se num treino semanal de 5 horas e algumas provas aos fins-de-semana não podia pedir mais, mas terminei com o tempo de 7 horas e 9 minutos, em 23º da geral, andei até as 5 horas de prova e já com 130 kms percorridos no 13º lugar da geral, mas os 35 Kms finais foram muito penosos e baixei muito a media que levava de 26kms/hora, talvez a falta de experiência neste tipo de prova e a inexistência de treinos de longa duração, fizeram-me ir perdendo algumas posições.

Em relação ao percurso era pura e simplesmente espectacular, pudemos gozar e abusar de todo o tipo de terreno, trilhos ribeirinhos, estradões rolantes, descidas alucinantes e longas, e claro, como quem desce também sobe, subidas longas e técnicas, desengane-se quem pensa que vai para o Alentejo só rolar em planície, mas acreditem, vale a pena a chegada há meta depois de mais de 7 horas a pedalar, é um momento triunfante, ainda por mais quando se tem a família à espera. Uma nota muito positiva para a organização Trilhos Vivos. A marcação bastante eficaz de todo o percurso, no meu entender não era necessário GPS, apenas um reparo para as travessias de alcatrão e entrada nas estradas locais, um elemento da organização ou da força policial conferiria uma melhor segurança aos participantes, os abastecimentos eram suficientes e bastante diversificados, os banhos não usufrui não me posso prenunciar, fui tomar há residencial, o almoço era bom a abundante.
Aproveito também para felicitar a organização pela oportunidade que continua ano após ano a dar a todos os participantes na escolha da passagem pela inactiva e magnifica Mina de São Domingos, espaço deslumbrante e assombroso.
Eram 17:00 horas e estava despachado da minha participação no Serpa160, aproveitamos o resto da tarde e rumamos até há cidade de Beja para um passeio pela cidade, jantámos e depois voltámos a Serpa para uma noite de repouso.
No dia 10 Domingo deixamos a residencial de Serpa por volta das 10 horas e rumamos até ao litoral, mais propriamente Tróia, uma viagem rápida sempre em estrada nacional, é aqui que nos apercebemos de como o nosso País não é assim tão grande, circulamos do interior ao litoral em pouco mais de 1 hora, uma voltinha pela luxuosa Tróia e já perto da 13:00 horas e com Setúbal ali pertinho fizemos a travessia de barco para ir almoçar o belo peixinho fresco característico da zona ribeirinha de Setúbal.

 


Foi sem dúvida um grande fim-de-semana, onde pude aproveitar para fazer muito desporto e divertir-me com a família…